Derrotas necessárias!
Como sou metido a escrever, vou dar um rápido pitaco sobre o nosso futebol e a “nossa” Copa do Mundo. (Nossa ou da Fifa?) Quem me conhece sabe que minhas paixões são o voleibol e as lutas. Futebol nunca me atraiu, e apenas acompanhei um pouco quando um amigo querido começou a praticar. Aí virei Flamengo!
Participo de Tribunais de Futebol, e fico impressionado quando vejo, em eventos dos quais participam famosos jogadores de futebol, algunscompanheiros dos tribunais e autoridades se levantando para olhá-los e admirá-los exacerbadamente, e tentando bajular e se aproximar dos referidos atletas. E algunsjogadores, como deuses inatingíveis e intocáveis, passam por todos de nariz empinado e “vazando” empáfia e arrogância. Fui apenas uma vez, para nunca mais!
Isto já começou a acontecer também nas lutas! Recentemente um lutador brasileiro foi nocauteado em razão de suas atitudes desrespeitosas durante suas lutas. Adorei! Já torcia há muito tempo contra ele. Muitos lutadores que eu conheço, e até bastante famosos, são simples e simpáticos, e respeitam os seus adversários antes, durante e depois das lutas. Mas, já existe uma minoria que esbanja arrogância e falta de humildade. Pelo visto, em breve vou ficar só nos filmes!
No futebol o problema é muito grave! Jogadores se tornam deuses desde muito cedo, e logo aprendem que este mundinho paralelo serve apenas para admirá-los, venerá-los e servi-los. Isto acontece no mundo todo, embora em alguns países da Europa grandes atletas do futebol se mostrem bastante simples e amigáveis. Mesmo assim, são poucos!
No futebol e nas lutas existem as derrotas necessárias. Lutadores caem para que saibam que não são invencíveis, e times perdem para que aprendam que não são os melhores. A estrada do desenvolvimento humano é pavimentada também com derrotas, e é com elas que aprendemos que se perde não apenas porque somos mais fracos, mas também porque, mesmo sendo melhores, não fomos humildes e / ou não respeitamos o nosso adversário. Com as derrotas aprendemos a perceber que são apenas ilusões as nossas sensações de superpoderes. E é por causa delas que nos damos conta de que não somos invulneráveis nem imortais.
Nossos “menudos” – televisivos, frágeis, tatuados, penteados e invencíveis, e com “bigodes” mágicos – e seu técnico também televiso e, com todo o respeito, ultrapassado, cometeram mais de sete pecados capitais, e foram sacudidos com sete gols, e depois com três gols, por dois times de atletas mais sérios, menos vaidosos e mais sociáveis. Espero que tenham aprendido alguma coisa com estas derrotas mais do que necessárias! Não faço críticas por termos peridido a Copa do Mundo, mas sim por termos perdido de forma tão feia.
Foi como aconteceu com aquele lutador sobre o qual comentei acima, que caiu porque brincou com quem não deveria ter brincado, que caiu porque tentou humilhar a quem deveria, sim, ter respeitado, e muito! Bem feito!
Estas derrotas não vão tornar estes seres humanos mais desenvolvidos, porque eles estão vestidos com a armadura rígida do orgulho e da vaidade, e porque eles estão “abençoados” pelos deuses da prepotência. Mas, elas são necessárias para eles, e para nós também!
Quem pode e tem que mudar somos nós, os torcedores! E aqui incluo a mídia, porque esta contribui, e muito, para que estes indivíduos cheguem ao mais alto pedestal da veneração.
Então… então… acho que vai ficar tudo exatamente como está! Isto porque, com certeza, nem nós nem eles, ninguém vai mudar, ninguém quer mudar! Portanto, nos vemos nas próximas inevitáveis derrotas necessárias de nossos deuses porque, no mínimo, eles estarão sempre embriagados por nossos inexplicáveis louvor, obsessão e adoração. E por isso eles jamais aprenderão a viver sem nariz empinado, e sem “vazar” empáfia e arrogância, porque são 200 milhões de lenhas alimentando a fogueira das suas vaidades.
*Wanderley Rebello Filho é Advogado Criminalista, Conselheiro da OAB/RJ, Presidente das Comissões de Políticas Sobre Drogas da OAB/RJ e OAB/Barra da Tijuca, e da Comissão de Direito Ambiental da OAB/Armação dos Búzios. É Vice-Presidente da Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da OAB/RJ , membro do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), e Presidente da Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Internacional de Voleibol. É Presidente da Sociedade Brasileira de Vitimologia.
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